Tempo de Gritar
Há muito que eu me calo, e nada muda
Sou mestra na ciência do abandono
Há muito desisti da caminhada,
Há lama, sangue e caos onde era estrada
A morte e a vida são irmãs,
Siamesas, e não dá pra separá-las
no entanto, no seu ponto de junção
Se uma bala nos atinge o coração
De crianças, numa escola, em Realengo
É preciso gritar pelo que resta
Antes que o mal que nos espreita pela fresta
Nos engula toda voz e sentimento
Reduzindo o que ja é tão pó, e só,
à cinza dolorida de um lamento
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E agora, milhões de anos depois do último dinossauro, os piores monstros são bípedes, falantes, civilizados, cruéis, insanos. E eu, que pensei que Hitler não havia deixado descendentes. Como professora graduanda fico me perguntando sobre o final do arco-íris, onde buscar um pouco de esperança? Nem tento entender o que aconteceu, só oro, rezo, peço a Deus que abraçe o coração destes pais que apenas mandaram seus filhos para a escola numa quinta-feira como outra qualquer. Não para eles. Nunca mais. Como conseguirão suportar a dor, internacionalizada em links ao vivo, o mundo inteiro vendo seus filhos em uniformes encharcados de sangue, o prêt-a-portê macabro da globalização da mais cruel insanidade, o inconcebível virando moda: Copia-se tudo, até estilos de se matar crianças inocentes.quando isto vai parar?
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